segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A República

A República é a obra em que, como o título induz. Platão busca falar da vida da cidade, a busca da cidade justa. O que seria a cidade perfeitamente justa para Platão? Aquela em que reinaria a justiça. Uma cidade nos moldes da imaginada por Platão teria seus setores sociais em harmonia, seria um local em que a justiça guiaria as ações governamentais e sociais. Nela, todos os cidadãos conseguiriam o bem-estar, uma vez que haveria uma adequação correta entre cidade justa e cidadãos justos. Essa cidade seria dividida em três classes sociais bem definidas: a dos trabalhadores manuais, responsáveis pela produção agrícola e artesanal da cidade; a dos guerreiros, responsáveis pela ordem interna e pela proteção da cidade contra invasores; e a dos sábios, governantes que formariam o conselho da cidade e de onde se poderia tirar o governante maior, temporário, o rei - filósofo.

Platão aperfeiçoou sua psicologia de modo que a vida ou  alma se tornam um todo estruturado. Desenvolver-se como ser humano, então, seria mais um trabalho contra o corpo, mas um trabalho no sentido de harmonizar as instâncias da alma que, enfim, são vistas como todas as instâncias da vida. O papel do intelecto seria o de governo da própria vida, o papel do espírito seria o de energizar as atividades vitais e, enfim, os apetites precisariam ser treinados para cumprir o que é reto e nobre.

Assim, nessa teoria da alma de A República, os indivíduos cuja senhoria se exercesse pela razão poderiam ser filósofos. Esses indivíduos teriam tudo o que é necessário para estar no conselho dos governantes e mesmo chegar a serem reis. Os indivíduos cujo espírito viesse a ser o seu motor principal seriam distintos enquanto homens de ação e, uma vez educados, seriam os guardiões e/ou os defensores armados da cidade. Por fim, os que caíssem sob o domínio dos apetites poderiam, no seu melhor, ser amantes do espetáculo e da beleza sensual sem ter muito conhecimento da noção mais ampla do belo; tais pessoas estariam destinadas a trabalhar com as mãos no artesanato e afins, servindo na cidade para o setor social dos operários e artesãos.

Quando continuamos na companhia de Platão e adentramos A República, percebemos que ele, como filósofo político, metafísico e epistemólogo, ainda é, sem dúvida, antes de tudo, filósofo da educação. Sua educação não se dissocia de as filosofia, pois ambas estão em função de gerar aqueles que, estando na elite da cidade, não iriam divergir em questões importantes, e assim não colocariam em risco nem a vida justa nem a vida social da idade justa.

O rei-filósofo, como autêntico filósofo, como Platão o vislumbra, não pode ter uma visão que não das coisas reais, sabendo distingui-las da ilusão e, mais que isso, sabendo como outros não conseguiriam distinguir  a causa do engano. O rei não pode se deixar iludir por controvérsias geradas por sistemas doutrinários errados, alguns deles vindos dos pré-socráticos e outros vindos dos sofistas – assim pensa Platão, em A República. O rei tem de ser, antes de tudo, rei-filósofo – no sentido forte da palavra “filósofo”. Com isso em mente, podemos compreender a Teoria da Linha Dividida.

Aquele que não ultrapassa o âmbito do opinativo – crenças, ilusões e conjecturas – sempre estará sujeito a cair em disputa com outros a respeito do que é certo e do que é errado, do que é verdadeiro e do que é falso.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vida e Obra de Um dos Maiores Pensadores de Todos os Tempos


Platão

Filósofo grego (427 a.C. -347 a.C.?), um dos pensadores mais importantes de todos os tempos. O platonismo concentra-se na distinção do mundo entre o que é visível, sensível (o mundo das coisas e dos seres), e o que é invisível, inteligível, ou seja, o mundo das idéias.
Nasce em Atenas, em família aristocrática, e inicia-se na filosofia graças ao encontro com Sócrates, de quem imediatamente se torna discípulo, por volta de 408 a.C. Após a morte de Sócrates, em 399 a.C., deixa Atenas e viaja por vários anos, até fixar-se no Egito. De volta a Atenas, funda em 387 a primeira escola de filosofia de que se tem notícia, a Academia, em que trata de recuperar a filosofia de Sócrates.
Parte para a Itália 20 anos mais tarde, estabelecendo-se em Siracusa, na Sicília, para ensinar filosofia ao rei Dionísio. Retorna a Atenas e continua a administrar sua Academia, na qual incentiva o estudo e a pesquisa em áreas como ciência, matemática e retórica, além da filosofia.
Seus livros mais conhecidos são Apologia de Sócrates, em que retoma as teorias do mestre; O Banquete, em que expõe de forma poética a dialética do amor; e A República, que sintetiza toda a sua filosofia sobre a organização da cidade, a política, a dialética e a questão da imortalidade da alma. Morre em Atenas. 

Platão: um nome? Um apelido? Um mito!

Platão, filósofo e matemático, não era um membro comum da elite, seus parentes foram figuras centrais da vida política ateniense. Viveu em uma época especial, dos desdobramentos mais complexos e mais sofridos da democracia ateniense e, por isso mesmo, o tempo do embate entre duas grandes maneiras de se pensar a cultura, a educação, e é claro, a vida política. Como resultado, sua obra lançou os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental, e é de grande importância e amplamente estudada até hoje.
"Não deveríamos homenagear mais os homens que a verdade."
"Podemos facilmente perdoar uma criança por ter medo do escuro; a tragédia é quando um adulto tem medo da luz."



Frases de Platão

"O belo é o esplendor da verdade".

"O que mais vale não é viver, mas viver bem".

"Vencer a si próprio é a maior de todas as vitórias".

"O amor é uma perigosa doença mental".

"Praticar injustiças é pior que sofrê-las".

"A harmonia se consegue através da virtude".

"Teme a velhice, pois ela nunca vem só".

"A educação deve possibilitar ao corpo e à alma toda a perfeição e a beleza que podem ter".

Trecho do Texto, A Alegoria da Caverna de Platão

A Alegoria da Caverna de Platão

Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar o que se passa no interior. A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre ela e os prisioneiros – no exterior, portanto – há um caminho ascendente ao longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as coisas.

Idéias de Platão para a educação

Platão valorizava os métodos de debate e conversação como formas de alcançar o conhecimento. De acordo com Platão, os alunos deveriam descobrir as coisas superando os problemas impostos pela vida. A educação deveria funcionar como forma de desenvolver o homem moral. A educação deveria dedicar esforços para o desenvolvimento intelectual e físico dos alunos. Aulas de retórica, debates, educação musical, geometria, astronomia e educação militar. Para os alunos de classes menos favorecidas, Platão dizia que deveriam buscar em trabalho a partir dos 13 anos de idade. Afirmava também que a educação da mulher deveria ser a mesma educação aplicada aos homens.



Obras:

A obra de Platão se caracteriza claramente como uma preocupação com a Ciência (“o conhecimento verdadeiro e legitimo”), além daMoral e da Política. Platão conclui que o Conhecimento (o saber) se identifica com o bem.

Diferentemente de Aristóteles cuja principal parte de suas obras mantidas para a posteridade foram as obras esotéricas (ou seja, os escritos para dentro do Liceu, isto é, para os estudos dos seus discípulos); de maneira diversa as obras de Platão mantidas foram exatamente as publicadas para o público em geral, ou seja, as obras exotéricas, as obras para fora da Academia.

A obra de Platão foi escrita na forma de diálogos, com exceção da Apologia de Sócrates. Um dos sinais do prestígio do filósofo é o fato de seus textos terem sido conservados quase na totalidade. Entretanto, foram-lhe atribuídos diversos escritos que hoje são considerados espúrios. Conquanto não exista unanimidade total entre os especialistas, o emprego de critérios estilísticos e conceituais, em particular os referentes à evolução do pensamento platônico, permitiu estabelecer, em linhas gerais, uma ordenação de seu trabalho na seguinte “ordem cronológica”, observe que alguns diálogos aparecem em fases distintas, isso demonstra a dúvida quanto a esta classificação:

(1) Diálogos socráticos ou de juventude

Nestes diálogos  a figura e a doutrina de Sócrates ocupam lugar de destaque, lembrando que Sócrates é morto em 399 a.C., quando Platão tinha 30 anos de idade. Assim estes diálogos socráticos parecem refletir o pensamento do mestre de Platão ou seja do próprio Sócrates, mas há controvérsias nessa avaliação. Estes diálogos socráticos terminam em aporia ou seja terminam sem conclusão, sem solução ao “problema” levantado e Sócrates apesar de questionar seus interlocutores sobre por exemplo, o que é a moral, a coragem ou a piedade,   ele (Sócrates) mostra ao seu interlocutor que ele (o interlocutor) pensava que sabia a resposta mas que na verdade não sabe, entretanto Sócrates deixa claro que também ele não a sabe, dessa maneira Sócrates faz com que seus interlocutores fiquem espantados ao perceberem que não sabem o que pensavam saber.

Estes são diálogos socráticos:  Apologia de Sócrates; Protágoras; Trasímaco; Críton,ou sobre o dever; Íon ou sobre a Ilíada; Laques, ou sobre a coragem; Lísis, ou sobre a amizade; Cármides, ou sobre a moderação; Eutífron, ou sobre a piedade e os doisHípias o menor, ou sobre a falsidade e o Hípias maior ou sobre a beleza, embora a autenticidade do Hípias maior seja discutida por alguns autores.

(2) Diálogos da fase intermediária

É nessa fase que ocorre a primeira viagem à Sicília (hoje sul da Itália) entre 389-388 a.C, e a Academia é fundada logo depois em 387 a.C

Temos como diálogos dessa fase: Protágoras, ou sobre os sofistas; Górgias, ou sobre a retórica; Menexeno, ou Oração fúnebre; Eutidemo. O Banquete (symposium), ou sobre o bem; Fédon, ou sobre o amor; Ménon, ou sobre a virtude; A república (politeia) ou sobre a justiça; Fedro, ou sobre a alma.

(3) Diálogos construtivos ou da maturidade: Górgias, Ménon, Eutidemo, Crátilo, Menéxeno (nem sempre aceito), O banquete, A república, Fédon e Fedro. Nos quatro últimos, a teoria das idéias aparece exposta em sua forma mais característica.

(4) Diálogos tardios, ou da Velhice grupo que, iniciado com Teeteto, inclui os escritos elaborados durante a velhice de Platão e nos quais ele faz a “revisão crítica da teoria das idéias”: Parmênides, Sofista, Filebo, Político, Timeu, Crítias e as leis.

(5) Diálogos da fase final

Timeu, ou sobre a natureza; Crítias, ou sobre a Atlântida; As leis (Nomoi); Epinomis.
Além dos textos, há uma série de cartas, das quais duas são tidas como autênticas.



Doutrina

A filosofia de Platão recebeu inúmeras interpretações não só devido a sua complexidade, mas por apresentar diversas etapas, em especial no que se refere à evolução das soluções que deu à teoria das idéias, poetizada e obscurecida pelo uso da linguagem simbólica. No entanto, suas doutrinas centram-se num propósito principal: opor-se ao relativismo dos sofistas, o que implica a suposição de haver conhecimento independente de fatores circunstanciais.

Assim, o objetivo platônico era o conhecimento das verdades essenciais que determinam a realidade, a ciência do universal e do necessário, para poder estabelecer os princípios éticos que devem nortear a realidade social, em busca da concórdia numa sociedade em crise. Nesse sentido, sua obra pode ser considerada como um conjunto coerente, articulado pelo tema condutor da teoria das idéias.

É bom lembrar que Platão nunca declarou esse nome “Teoria das ideias”, mas é como essa “doutrina do conhecimento” passou a ser chamada.

Teoria das ideias: conhecimento e metafísica

Como primeiro passo para sua metafísica, Platão julgou indispensável elaborar umateoria do conhecimento. O problema com o qual ele se defrontou foi o problema do ser. Uma vez que os sentidos nos revelam as coisas como múltiplas e mutáveis, ao passo que a inteligência nos revela sua unidade e permanência, procurou uma solução que conciliasse o testemunho dos sentidos e as exigências do conhecimento intelectual. Baseou-se nos conceitos matemáticos e nas noções éticas para demonstrar que aessência real e eterna das coisas existe. Usou como argumento a possibilidade depensar figuras geométricas puras, que não existem no mundo físico. Da mesma forma, todo homem tem as noções de bem e justiça, por exemplo, que não têm correspondente no mundo sensível. Concluiu pela existência de um mundo de essências imutáveis e perfeitas, as ideias arquetípicas (“modelos”, formas imutáveis). Estas constituiriam a realidade inteligível, objeto de conhecimento científico ou epistemológico, cujas leis o mundo sensível, objeto de opinião, reproduziria de forma imperfeita.

O homem, por ter corpo e alma, pertenceria simultaneamente a esses dois mundos. Na hierarquia das ideias, situa-se no topo a ideia do bem, da qual participam as demais. Logo abaixo estão as ideias de beleza, verdade e simetria e, em plano inferior, os valores éticos e os conceitos matemáticos. Além disso, cada classe de ser existente no mundo sensível possui sua forma ideal: homem, cachorro, casa etc. A relação entre os diferentes seres que constituem uma classe e seu arquétipo (“modelo”), por exemplo, entre um homem e a ideia de homem, se explica pelo fato de serem os objetos sensíveis cópias ou imitações da ideia perfeita, (que só existe no mundo das ideias).

A  Alma na visão de Platão

Segundo Platão, a alma é anterior ao corpo, e antes de aprisionar-se nele, pertenceu aomundo das ideias. Sua natureza é tripartida: no nível inferior, está a alma sensível, morada dos desejos e das paixões, à qual corresponde a virtude da moderação ou temperança; vem em seguida a alma irascível, que impele à ação e ao valor; sobre elas está a alma racional, que pertence à ordem inteligível e permite ao homem recordar sua existência anterior (teoria da reminiscência) e aceder ao mundo das ideias, mediante ocultivo da filosofia. A alma superior é imortal e retornará à esfera das ideias após a morte do corpo. Tais faculdades ou capacidades da alma se relacionam harmoniosamente por meio da virtude mais importante, o sentimento de justiça, e constituem aspectos de uma única e mesma realidade.

Ética e política

A morte de Sócrates e as experiências políticas na Sicília levaram Platão a verificar que não é possível ser justo na cidade injusta e que a realização da filosofia implica não só a educação do homem, mas a reforma da sociedade e do estado. O sentido da filosofia, oamor da sabedoria, é o de conduzir o homem do mundo das aparências ao mundo da realidade, ou da contemplação das sombras à visão das ideias imutáveis e eternas, iluminadas pela ideia suprema do bem. As concepções éticas e políticas de Platão são um prolongamento natural de sua teoria da alma. Uma vez que o homem acede às ideias por meio da razão e que as ideias são presididas pelo bem, o homem sábio será também necessariamente bom. Para isso, contudo, é preciso que a sociedade reproduza a ordem da alma.

A justiça consiste na relação harmônica entre as partes, sob o cuidado da razão. Por isso, Platão sugeriu em A república, obra em que expõe suas idéias políticas, filosóficas, estéticas e jurídicas, um estado composto por três estamentos: (1) os regentes filósofos, sob o predomínio da alma racional; (2) os guerreiros guardiãs, defensores do estado e cujos valores residem na alma irascível; (3) e a classe inferior dos produtores, regidos pela alma sensível, controlados mediante a temperança.

Platão foi um dos filósofos mais influentes de todos os tempos. Seu pensamento domina a filosofia cristã antiga e medieval. Os ideais estéticos e humanistas do Renascimento constituíram também uma recuperação do platonismo. Há elementos platônicos também em pensadores modernos, como Leibniz e Hegel. Platão morreu em Atenas, em 348 ou 347 a.C., mas continua tão vivo como antes com sua doutrina e ensinamento talvez nunca antes vistos de maneira tão imensa e clara.


Platão é um dos filósofos mais conhecidos e mais amplamente lido e estudado do mundo. Ele foi o aluno de Sócrates e mestre de Aristóteles, e ele escreveu em meados do século IV aC na Grécia antiga. Embora influenciada principalmente por Sócrates, na medida em que Sócrates é geralmente o personagem principal em muitos dos escritos de Platão, ele também foi influenciado por HeráclitoParmênides, e ospitagóricos.

Existem vários graus de controvérsia sobre qual das obras de Platão são autênticos, e em que ordem elas foram escritas, devido à sua antiguidade e à maneira de sua preservação através do tempo. No entanto, seus primeiros trabalhos são geralmente considerados como a mais confiável das fontes antigas em Sócrates, Sócrates eo caráter que sabemos através destes escritos é considerado um dos maiores dos filósofos antigos.

Meio de Platão para trabalhos posteriores, incluindo a sua obra mais famosa, a República, são geralmente considerados como fornecendo própria filosofia de Platão, onde o personagem principal na verdade fala para o próprio Platão. Estas obras mistura éticafilosofia política, a psicologia moral, epistemologia e metafísica em uma filosofia interligados e sistemática. É acima de tudo, de Platão, que ficamos com a teoria das Formas, segundo a qual o mundo que conhecemos através dos sentidos é apenas uma imitação do puro, eterno e imutável mundo das Formas. Obras de Platão também contêm as origens da queixa familiar que a obra de arte por inflamar as paixões, e são meras ilusões. Nós também somos introduzidos ao ideal de "amor platônico:" Platão via o amor como motivado por um anseio pela mais alta forma de beleza em si Beautiful, e o amor como o poder motivacional através do qual o mais elevado de realizações são possíveis. Porque eles tendem a distrair-nos a aceitar menos do que o nosso maior potencial, no entanto, Platão desconfiava e geralmente desaconselhadas expressões físicas do amor.

Que Platão tenha conseguido escrever diálogos filosóficos que, em termos de espírito, charme e profundidade estejam entre os melhores livros jamais produzidos por qualquer pessoa, é algo que dá a medida de sua grandeza.

Você sabia? República. É o livro mais importante do filósofo Platão e, sem dúvida, um dos principais clássicos da filosofia de todos os tempos. Certamente, a obra de maior importância da filosofia antiga. Nela, Platão casou seus dois principais objetivos, o de mostrar que a direção da investigação de Sócrates estava correta, isto é, que poderíamos tentar chegar ao conhecimento do real, e o de mostrar que poderíamos viver sob regras justas (e sermos felizes). O casamento desses dois objetivos se fez de um modo extremamente inteligente: a cidade justa seria aquela que não poderia condenar o filósofo, mas, ao contrário, seria naturalmente governada por ele. Esta é a proposta de A República. Na montagem dos argumentos que compõem a obra. Platão, escreveu sobre metafísica, epistemologia, psicologia, ética, estética, política, teoria social e pedagogia.

A narrativa de A República tem como fio condutor a investigação da justiça. O alvo é a construção do Estado perfeito ou da cidade justa. Essa cidade é dividida em três classes - artesãos, soldados e governantes - que correspondem às divisões da alma. A alma humana teria três partes, cada uma propícia a um desenvolvimento maior de uma das virtudes entre três das virtudes clássicas do mundo grego: sabedoria, coragem e temperanças.

Por definição, o filósofo é o "amante do saber".

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O Mito da Caverna




Imaginemos uma caverna separada do mundo externo por um alto muro, cuja entrada permite a passagem da luz exterior. Desde seu nascimento, geração após geração, seres humanos ali vivem acorrentados, sem poder mover a cabeça para a entrada, nem locomover-se, forçados a olhar apenas a parede do fundo, e sem nunca terem visto o mundo exterior nem a luz do Sol.

Acima do muro, uma réstia de luz exterior ilumina o espaço habitado pelos prisioneiros, fazendo com que as coisas que se passam no mundo exterior sejam projetadas como sombras nas paredes do fundo da caverna. Por trás do muro, pessoas passam conversando e carregando nos ombros figuras de homens, mulheres, animais cujas sombras são projetadas na parede da caverna. Os prisioneiros julgam que essas sombras são as próprias coisas externas, e que os artefatos projetados são os seres vivos que se movem e falam. Um dos prisioneiros, tomado pela curiosidade, decide fugir da caverna. Fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões e escala o muro. Sai da caverna, e no primeiro instante fica totalmente cego pela luminosidade do Sol, com a qual seus olhos não estão acostumados; pouco a pouco, habitua-se à luz e começa ver o mundo. Encanta-se, deslumbra-se, tem a felicidade de, finalmente, ver as próprias coisas, descobrindo que, em sua prisão, vira apenas sombras. Deseja ficar longe da caverna e só voltará a ela se for obrigado, para contar o que viu e libertar os demais. Assim como a subida foi penosa, porque o caminho era íngreme e a luz ofuscante, também o retorno será penoso, pois será preciso habituar-se novamente às trevas, o que é muito mais difícil do que habituar-se à luz. De volta á caverna, o prisioneiro será desajeitado, não saberá mover-se nem falar de modo compreensível para os outros, não será acreditado por eles e correrá o risco de ser morto pelos que jamais abandonaram a caverna.

A caverna, diz Platão, é o mundo sensível onde vivemos. A réstia de luz que projeta as sombras na parede é um reflexo da luz verdadeira (as idéias) sobre o mundo sensível. Somos os prisioneiros. As sombras são as coisas sensíveis que tomamos pelas verdadeiras. Os grilhões são nossos preconceitos, nossa confiança em nossos sentidos e opiniões. O instrumento que quebra os grilhões e faz a escalada do muro é a dialética. O prisioneiro curioso que escapa é o filósofo. A luz que ele vê é a luz plena do Ser, isto é, o Bem, que ilumina o mundo inteligível como o Sol ilumina o mundo sensível. O retorno à caverna é o diálogo filosófico. Os anos despendidos na criação do instrumento para sair da caverna são o esforço da alma, descrito na Carta Sétima, para produzir a "faísca" do conhecimento verdadeiro pela "fricção" dos modos de conhecimento. Conhecer é um ato de libertação e de iluminação.

O Mito da Caverna apresenta a dialética como movimento ascendente de libertação do nosso olhar que nos libera da cegueira para vermos a luz das idéias. Mas descreve também o retorno do prisioneiro para ensinar aos que permaneceram na caverna como sair dela. Há, assim, dois movimentos: o de ascensão (a dialética ascendente), que vai da imagem à crença ou opinião, desta para a matemática e desta para a intuição intelectual e à ciência; e o de descensão (a dialética descendente), que consiste em praticar com outros o trabalho para subir até a essência e a idéia. Aquele que contemplou as idéias no mundo inteligível desce aos que ainda não as contemplaram para ensinar-lhes o caminho. Por isso, desde Mênon, Platão dissera que não é possível ensinar o que são as coisas, mas apenas ensinar a procurá-las.

Os olhos foram feitos para ver; a alma, para conhecer.

Os primeiros estão destinados à luz solar; a segunda, à fulguração da idéia. A dialética é a técnica liberadora dos olhos do espírito.

O relato da subida e da descida expõe a paidéia como dupla violência necessária: a ascensão é difícil, dolorosa, quase insuportável; o retorno à caverna, uma imposição terrível à alma libertada, agora forçada a abandonar a luz e a felicidade. A dialética, como toda a técnica, é uma atividade exercida contra uma passividade, um esforço (pónos) para concretizar seu fim forçando um ser a realizar sua própria natureza.

No Mito, a dialética faz a alma ver sua própria essência (eîdos) - conhecer - vendo as essências (idéia) - o objeto do conhecimento -, descobrindo seu parentesco com elas. 

A violência é libertadora porque desliga a alma do corpo, forçando-a a abandonar o sensível pelo inteligível.

O Mito da Caverna nos ensina algo mais, afirma o filósofo alemão Martin Heidegger, num ensaio intitulado "A doutrina de Platão sobre a verdade", que interpreta o Mito como exposição platônica do conceito da verdade. Deste ensaio, destacamos alguns aspectos:

1) O Mito da Caverna estabelece uma relação interna ou intrínseca entre a paidéia e a alétheia: a filosofia é educação ou pedagogia para a verdade. O Mito propõe uma analogia entre os olhos do corpo e os olhos do espírito quando passam da obscuridade à luz: assim como os primeiros ficam ofuscados pela luminosidade do Sol, assim também o espírito sofre um ofuscamento no primeiro contato com a luz da idéia do Bem que ilumina o mundo das idéias. A trajetória do prisioneiro descreve a essência do homem (um ser dotado de corpo e alma) e sua destinação verdadeira (o conhecimento das idéias). Esta destinação é seu destino: o homem está destinado à razão e à verdade. Por que, então, a maioria permanece prisioneira da caverna? Porque a alma não recebe a paidéia adequada à destinação humana. Assim, a paidéia, alegoricamente descrita no mito, é "uma conversão no olhar", isto é, a mudança na direção de nosso pensamento, que, deixando de olhar as sombras (pensar sobre as coisas sensíveis), passa a olhar as coisas verdadeiras (pensar nas idéias). E, observa Heidegger, não foi por acaso que Platão escolheu a palavra eîdos para designar as idéias ou formas inteligíveis, pois eîdos significa: figura e forma visíveis. O eîdos é o que o olho do espírito, educado, torna-se capaz de ver.

2) O Mito da Caverna recupera o antigo sentido da alétheia como não-esquecimento e não-ocultamento da realidade. Alétheia é o que foi arrancado do esquecimento e do ocultamento, fazendo-se visível para o espírito, embora invisível para o corpo. A verdade é uma visão, visão da idéia, do que está plenamente visível para a inteligência e, por ser visão plena, a verdade é evidência.

3) A idéia do Bem, correspondente ao Sol, não só ilumina todas as outras, isto é, torna todas as outras visíveis para o olho do espírito, mas é também a idéia suprema, tanto porque é a visibilidade plena quanto porque é a causa da visibilidade de todo o mundo inteligível. A filosofia, conhecimento da verdade, é conhecimento da idéia do Bem, princípio incondicionado de todas as essências. Assim como o Sol permite aos olhos ver, assim o Bem permite à alma conhecer. A luz é a meditação entre aquele que conhece e o aquilo que se conhece.

4) O Mito possui ainda um outro sentido pelo qual compreendemos por que Platão é o inventor da razão ocidental. De fato, na origem (como vimos em nosso primeiro capítulo), 
a palavra alétheia é uma palavra negativa (a - létheia), significando o não esquecido, não escondido. Com o Mito da Caverna, porém, a verdade, tornando-se evidência ou visibilidade plena e total, faz com que a alétheia perca o antigo sentido negativo e ganhe um sentido positivo ou afirmativo. Em lugar de dizermos que o verdadeiro é o não escondido, Platão nos leva a dizer que a verdade é o plenamente visível para o espírito. A verdade deixa de ser o próprio Ser manifestando-se para tornar-se a razão que, pelo olhar intelectual, faz da idéia a essência inteiramente vista e contemplada, sem sombras. A verdade se transfere do Ser para o conhecimento total e pleno da idéia do Bem. Com isto, escreve Heidegger, 
a verdade dependerá, de agora em diante, do olhar correto, isto é, do olhar que olha na direção certa, do olhar exato e rigoroso. Exatidão, rigor, correção são as qualidades e propriedades da razão, no Ocidente. A verdade e a razão são theoría, contemplação das idéias quando aprendemos a dirigir o intelecto na direção certa, isto é, para o conhecimento das essências das coisas.

Platão  Fonte: O Cortiço Filosófico



Publicado por Alimente o cérebro 

O mito da caverna, escrito há quase 2500 anos, também chamada de Alegoria da caverna,foi escrito pelo filósofo Platão, e encontra-se na obra intitulada A República (livro VII).

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Albert Einstein


Albert Einstein

Biografia deste importante cientista do século XX, conhecimentos científicos, teoria da relatividade,  foto do cientista, Prêmio Nobel de física, arma nuclear, física nuclear, ciências.

Albert Einstein: o pai da Teoria da Relatividade
Einstein nasceu na Alemanha no ano de 1879. Ele foi físico e matemático e até hoje é conhecido pela sua genialidade. 
Com sua Teoria da Relatividade mudou o pensamento da humanidade a respeito de tempo e espaço. Esta foi apresentada por ele no ano de 1905, sendo reapresentada com mais informações no ano de 1915. A partir daí, soube-se que era possível criar uma potente arma nuclear.
Em 1921, esta notável figura recebeu o Prêmio Nobel de Física ao explanar sua teoria quântica, que apresentava esclarecimentos sobre o efeito fotoelétrico. 
Este brilhante físico e matemático era de origem judia, e, como todo povo judeu, ele foi perseguido pelos nazistas; contudo, ele conseguiu deixar a Alemanha, passando primeiramente pela Inglaterra, e, posteriormente, estabeleceu sua moradia nos Estados Unidos, onde se naturalizou cidadão americano. 
Einstein entristeceu-se profundamente ao ver as conseqüências desastrosas da bomba nuclear, e, uma semana antes de sua morte, relatou este fato em uma carta escrita a Bertrand Russel, onde pedia que seu nome fosse colocado numa petição onde clamava para que a produção de armas nucleares fosse abandona. 
Este grande homem, que tanto contribuiu com sua genialidade, passou os últimos anos de sua vida em busca de uma teoria onde pudesse trabalhar ao mesmo tempo com a matemática e com as leis da Física. Contudo, sua busca não pôde ser concluída, pois, em 1955, o mundo perdeu este cientista de cérebro brilhante.




Frases de Einstein:


"Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: à vontade."

"A raiva reside apenas no peito dos tolos."

"No meio da confusão, encontre a simplicidade. A partir da discórdia, encontre a harmonia. No meio da dificuldade reside a oportunidade."

"Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um sentido prático daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto."

"Eu quero saber como Deus criou este mundo. Não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os pensamentos Dele, o resto são detalhes."

"Dificuldades e obstáculos são fontes valiosas de saúde e força para qualquer sociedade."

"Quando agredida, a natureza não se defende. Apenas se vinga."

"Deveríamos tomar cuidado para não fazer do intelecto o nosso deus; ele tem, naturalmente, músculos poderosos, mas nenhuma personalidade."

"A leitura, após certa idade, distrai excessivamente o espírito humano de suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos, adquire a preguiça de pensar."

"O primeiro dever da inteligência é desconfiar dela mesma."

"Não sei por que todos me adoram se ninguém entende minhas ideias."

"Qualquer tolo inteligente consegue fazer coisas maiores e mais complexas. É necessário um toque de gênio e muita coragem para ir na direção oposta."

"Se quer viver uma vida feliz, amarre-se a uma meta, não às pessoas nem as coisas."

"Educação é o que resta depois de ter esquecido tudo que se aprendeu na escola."

"Meu ideal político é a democracia, para que todo homem seja respeitado como indivíduo e nenhum venerado."

"Sem cultura moral não haverá nenhuma saída para os homens."

"Falta de tempo é desculpa daqueles que perdem tempo por falta de métodos."

"A personalidade criadora deve pensar e julgar por si mesma, porque o progresso moral da sociedade depende exclusivamente da sua independência."

"Nossa tarefa deveria ser nos libertarmos... aumentando o nosso circulo de compaixão para envolver todas as criaturas viventes, toda a natureza e sua beleza."

"Não posso imaginar um Deus a recompensar e a castigar o objeto de sua criação."

"Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa, então realmente somos um grupo muito desprezível."

"O estudo, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido sermos crianças por toda a vida."

"O azar não existe; Deus não joga dados."

"Poucos são aqueles que vêem com seus próprios olhos e sentem com seus próprios corações."

"A alegria de ver e entender é o mais perfeito dom da natureza."



Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.

Albert Einstein



“O único homem que está isento de erros, é aquele que não arrisca acertar. Faça as coisas o mais simples que você puder, porém não se restrinja às mais simples. Pois a palavra progresso não terá sentido algum enquanto houver crianças infelizes.”

Albert Einstein


“Meu laboratório é aqui.”

Obs: Resposta dada por Einstein apontando para uma caneta que tirou do bolso. Na ocasião, ele era pesquisador e professor em Princeton e um grupo de estudantes perguntou-lhe onde se localizava seu laboratório.




Frases de Einstein:


“Diante de Deus todos somos igualmente sábios e igualmente tolos.”

“Procure ser um homem de valor em vez de ser um homem de sucesso.”

“Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres.”

“Eu quero saber como Deus criou este mundo. Não estou interessado neste ou naquele fenômeno, no espectro deste ou daquele elemento. Eu quero conhecer os pensamentos Dele, o resto são detalhes.”

“Estranha é nossa situação aqui na Terra. Cada um de nós vem para uma curta passagem, sem saber por que, ainda que algumas vezes tentando adivinhar um propósito. Do ponto de vista da vida cotidiana, porém, de uma coisa sabemos: o homem está aqui pelo bem de outros homens – acima de tudo daqueles de cujos sorrisos e bem-estar nossa própria felicidade depende”

“Quando um homem é capaz de guiar o automóvel em perfeita segurança enquanto beija uma mulher bonita, simplesmente deixa de dar ao beijo a atenção que merece”

“Só é sábio quem ensina a amar”

"Somente duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana. E não estou seguro quanto à primeira."


“A única coisa que interfere com meu aprendizado é a minha educação. Educação é o que resta depois de ter esquecido tudo que se aprendeu na escola.”

“Penso 99 vezes e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silêncio, e a verdade me é revelada.”

“A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”

"Faça as coisas o mais simples que você puder, porém não se restrinja às mais simples."

“É estranho que eu, que escrevi livros impopulares, tenha me transformado numa personagem tão popular.”

“A ciência sem a religião é paralítica. A religião sem a ciência é cega.”

"A palavra progresso não terá sentido enquanto houver crianças infelizes."

“Às vezes me pergunto como pôde ter acontecido de eu ter sido o único a desenvolver a Teoria da Relatividade. A razão creio eu, é que um adulto normal nunca pára para pensar sobre problemas de espaço e tempo.”

“Deus é a Lei e o legislador do Universo.”

“Os problemas significativos com os quais nos deparamos não podem ser resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando eles foram criados”

“A imaginação é mais importante que o conhecimento.”

“A maioria de nós prefere olhar para fora e não para dentro de si próprio.”

"Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado."

"Ás vezes, não sei se o louco sou eu, ou se são os outros."

“Os ideais que iluminaram o meu caminho são a bondade, a beleza e a verdade.”

“A imaginação é mais importante que a ciência, porque a ciência é limitada, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro.”

“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”



Um ano antes de morrer, o célebre físico Albert Einstein escreveu, em 24 de março de 1954, uma carta ao filósofo judeu Eric B. Gutkind, expressando sua visão sobre o povo judeu, as religiões e a existência de Deus. O documento estará em leilão no eBay de 8 a 18 de outubro, com lance inicial de US$ 3 milhões (mais de R$ 6 milhões).

“Estamos excitados por oferecer a uma pessoa ou organização a oportunidade de possuir um dos documentos mais intrigantes do século 20″, disse Eric Gazin, presidente da Auction House (agência que está cuidando da venda), em entrevista ao LiveScience. “Esta carta pessoal de Einstein representa um nexo entre ciência, teologia, razão e cultura”.

Einstein x Deus e as religiões

A carta era uma resposta do físico ao livro de Gutkind “Choose Life: The Biblical Call to Revolt” (“Escolha a Vida: A Chamada Bíblica à Revolta”), no qual o filósofo sustentava a ideia de que os judeus eram um povo de “alma incorruptível”. “A alma do povo judeu nunca foi uma alma de massas. A alma de Israel não poderia ser hipnotizada; nunca sucumbiu a ataques hipnóticos (…). A alma de Israel é incorruptível”, escreveu.

Einstein não concordava: “Para mim, a religião judaica é, da mesma forma que todas as outras, uma incarnação das superstições mais infantis. E o povo judeu, ao qual eu pertenço com boa vontade, e que tem uma mentalidade com a qual tenho uma afinidade profunda, não tem, para mim, uma qualidade que o difere de qualquer outro povo. Até onde minha experiência vai, ele também não é melhor que outros grupos humanos, embora esteja protegido dos piores cânceres por falta de poder. Fora isso, não consigo ver nada de ‘escolhido’ sobre ele”.

No final de sua vida, Einstein se mostrou contrário às religiões. Mas ele acreditava em Deus? Não exatamente, como se lê em uma carta escrita em 24 de março daquele mesmo ano: “Foi, é claro, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que foi repetida de forma sistemática. Eu não acredito em um Deus pessoal, nunca neguei isso, mas expressei de forma clara. Se algo em mim pode ser chamado de religioso, é minha ilimitada admiração pela estrutura do mundo que nossa ciência é capaz de revelar”.

Na carta a Gutkind, Einstein disse que a palavra “Deus” nada mais era do que “a expressão e produto da fraqueza humana, e a Bíblia, uma coleção de honoráveis, porém primitivas lendas que eram no entanto bastante infantis”.

Os souvenirs de Einstein

Em 2008, um comprador não identificado adquiriu a “carta sobre Deus” num leilão em Londres (Inglaterra) por 404 mil dólares (cerca de R$ 808 mil), valor 25 vezes maior do que o inicial estimado.

Atualmente, o documento está guardado em uma instituição acadêmica especializada em preservação de patrimônios culturais. Sua legitimidade não é questionada, e a carta ainda está em seu envelope original, com um carimbo e um selo de Princeton, Nova Jersey (EUA).

Em março deste ano, uma grande coleção de documentos pessoais e científicos do físico foi disponibilizada online, graças a um esforço conjunto da Albert Einstein Archives (da Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel) e do Einstein Papers Project (do Instituto de Tecnologia da Califórnia, EUA). Entre os arquivos, está um dos três manuscritos originais contendo a famosa equação E = mc².[LiveScience] [eBay]